terça-feira, janeiro 17, 2012

Almada - Um Buraco Negro

Em...Almada, continuam a fechar lojas, atrás de lojas e a cidade está a ficar num caos, por falta de vitalidade, não se vislumbrando qualquer raio de luz da suposta oposição no fundo do túnel.
Afinal a democracia em Portugal e em Almada foi e continua a ser um acordo de cavalheiros bem comportados, polidos, bem educados (às vezes a presidente da Câmara quebra as regras) e respeitadores do sistema de partilhas democrático que nos explora aqui e no país.

6 comentários:

Anónimo disse...

No centro de Almada as lojas caem como tordos.
No final de Dezembro último mais uma loja com muitos anos em Almada fechou, a Papelaria Tejo consequência do futuro e do desnvolvimento sustentável urbano que a câmara escolheu para a cidade.
O deserto vai aumentando.

Anónimo disse...

As raízes da erva daninha emília estão a tirar a seiva a Almada.
Ainda não deu por isso?

Anónimo disse...

Uma autêntica vergonha! Ainda no Sábado de manhã convocaram os agentes da Ecalma para afugentar as poucas pessoas que querem vir ao Centro de Almada. Perdem-se clientes com medidas brilhantes destas. A Avenida central ser pedonal é uma ABERRAÇÃO! Só possivel no Pais das Fantasias, a Almada comunista.

soliveira disse...

Buraco é a palavra certa.
Almada faz-me lembrar os buracos celebres que se vêm a abrir dias depois de pôr alcatrão novo.
Repare-se que as avenidas e urbanizações melhor construídas nesta cidade são do tempo da velha senhora; avenidas largas que a czarina mandou estreitar, ruas com espaços verdes como no Pombal em comparação com a zona do tribunal onde o cimento é o companheiro nobre.
Claro que o futuro terá forçosamente de corrigir estas aberrações, só que, teremos nós contribuintes que pagar o erro e a correcção; a principal avenida de Almada terá que ser reaberta e as faxas de transito alargadas, os parques subterrãneos terão de ser disponibilizados gratuitamente pois foi pago pelos condóminos que somos todos nós, a PSP terá que regressar à cidade e a empresa que a sobrepõe terá que desaparecer.
Tudo isto é revelador do enorme buraco em que a cidade se transformou nos últimos trinta anos.
Sabemos quem são os responsáveis, só temos que lhes dar com a vassoura daqui a dois anos.

Anónimo disse...

Caro soliveira, com a vassoura? Pelo mal que estas pessoas tÊm feito a Almada tem de ser com a MARRETA!

soliveira disse...

Brincadeiras culturais.

Vasco Pulido Valente

Depois do 25 de Abril, a cultura foi erigida numa espécie de religião do regime ou, mais precisamente, da esquerda (embora ao principio nem o PS incluísse). A ditadura tivera a religião, o PREC tinha agora a cultura. O "artista" e o "intelectual" passaram a opinar sobre o destino da Pátria e da civilização, com uma autoridade de origem suspeita mas reconhecível. Alem disso, sabiam, como naquela altura ninguem sabia, falar na televisão e na rádio e escreviam nos jornais, como naquela altura ninguem escrevia, ou seja, com algum desembaraço e profissionalismo. O que lhes dava imediatamente um certo poder.
Não lhes pediam credenciais, excepto partidárias, nem a sombra de uma qualificação académica.Existiam, porque se declaravam e a palavra deles bastava.
Mesmo quando a democracia acabou por prevalecer, em Lisboa (e um pouco no Porto), esta doença continuou durante anos. A "cultura" queria dinheiro em nome do seu próprio e discutivel valor. E o estado com uma certa relutãncia lá abriu a bolsa embora com parcimónia, para calar a gritaria e tambem, é bom dizer, para fins de propaganda e prestigio. Aparece então, importada de França, a ideia mais do que peregrina da "industria cultural", com a tropa fandanga que trabalhava ou se propunha trabalhar nela. A etiqueta cobria tudo e não deixava nada de fora. Infelizmente a realidade não acompanhou a excitação da infíma e vaguissíma minoria que, para nosso mal, tomava isto a sério. Com o tempo a (cultura), começou a ser esquecida, do património ao cinema (com uma ou outra excepção), e caiu numa obscuridade merecida.
O pior é que entretanto a ilusão se estendeu à província. As camaras arranjaram "vereadores culturais", com funções para lá da compreensão humana. Promoveram encontros, conferências, colóquios, simpósios, festivais. Convenceram o estado a comprar os cineteatros de 1905 ou 1940 que se iam desfazendo serenamente em ruínas, para uma "produção nacional", imaginária ou pobre. E, se por acaso, não havia um cineteatro à mão, construíram de raiz, e por milhões de euros, centros culturais, centros multiusos, centros de arte, centros de música ou o que lhes passou pela realíssima cabeça. Hoje, esses melancólicos resultados da megalomania e do analfabetismo, com custos de manutenção a pagar, sem um vintém e sem futuro, começam a fechar. A crise, veio de muitos milhares de histórias assim.

in Público 21 de Janeiro de 2012